Lipedema: Um novo desafio para o Cirurgião Plástico
- Dr Felipe Góis
- 2 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
O lipedema foi descrito pela primeira vez em 1940 pelos cirurgiões cardiovasculares Dr. Edgar Allen e Dr. Edgar Hines, na Mayo Clinic. Eleso descreveram como um depósito de gordura nos tecidos subcutâneos das nádegas e membros inferiores acompanhado de edema ortostático.

Apesar de descrito há mais de 80 anos, o lipedema ainda é pouco diagnosticado e tratado no Brasil e no mundo, tanto que, somente em 2022, a patologia foi incluída na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), E F 02.2 Lipedema, BD93.1e Lipo-linfedema.
Lipedema é uma doença crônica inflamatória caracterizada pelo depósito anormal de gordura, sobretudo nos tecidos subcutâneos dos quadris, das nádegas e dos membros inferiores. O aspecto totalmente incomum e de forma crônica progressiva e com forte caráter hereditário e ainda são responsáveis pela alta complexidade de seu tratamento. O lipedema também pode ocorrer nos membros superiores, porém sua presença não é tão comum quanto nos inferiores como relatado acima.
O lipedema é classificado em cinco tipos, de acordo com as áreas dos membros que estão afetadas. Essa é a classificação anatômica:
Tipo I: acometimento do umbigo até os quadris;
Tipo II: acometimento até os joelhos com presença de tecido gorduroso na parte lateral e inferior dos joelhos;
Tipo III: acometimento até os tornozelos com formação de “manguito” de gordura logo acima dos pés;
Tipo IV: acometimento dos braços. Bastante associado aos tipos II e III;
Tipo V: apenas do joelho para baixo.

Em geral quadro clínico pode ser acompanhado de dor, edema e sensibilidade ao toque nas áreas acometidas, e mesmo quando são oligosintomáticas, queixas decorrentes do extrumo volume dos membros, limita a paciente buscar o convivio social.
O tratamento é multidisciplinar: médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos e, até mesmo, psicólogos e terapeutas.
O Cirurgião plástico, assume o tratamento cirúrgico que consiste em lipoaspiração (mas é diferente das lipos convencionais, então não é todo cirurgião plástico que faz), que tambem tratara flacidez residual.

Acompanhamento com um fisioterapeuta especializado, que consiga colocar em prática a terapia física complexa, também utilizada no tratamento de linfedema, com drenagem linfática, cuidados com a pele, exercícios físicos e uso de bandagens.

A alimentação é outro pilar no tratamento, por isso o acompanhamento com nutricionista é fundamental, não só de modo a reduzir calorias e visando a perda de peso, mas principalmente evitando alimentos que provocam inflamação.
O exercício físico também auxilia no controle de peso, além de ajudar no fortalecimento muscular e ligamentar, proporcionando melhor qualidade de vida e menos chance de lesões osteoarticulares.
Pacientes com lipedema sofrem com problemas físicos impostos pela dificuldade de mobilidade e dor, mas também tem o lado psicossocial afetado pela dificuldade no diagnóstico e pela forma como a paciente se enxerga, portanto, o acompanhamento psicológico com psicoterapia é fundamental.
Mais didático que este texto, impossível. Clareza, precisão e domínio do assunto que abordou. Parabéns! Já vi algumas pessoas com esses “edemas”. E sempre me perguntei o que seria, graças a seu texto, agora sei e passarei o conhecimento a frente.